Peru confirma presença de TR4 na fazenda Piura
Começa a corrida para conter o surto enquanto o vizinho Equador reforça os controles de fronteira.
O Peru ativou um plano de emergência depois que os testes confirmaram a presença de Fusarium wilt Tropical Race 4 em uma plantação em Piura.
Na segunda-feira, o Serviço Nacional de Sanidade Agropecuária do país, Senasa, divulgou comunicado corroborando a descoberta do fungo transmitido pelo solo em um campo de 0,5 ha na província de Sullana e anunciando a adoção de medidas urgentes para controlar o surto em uma área de 170.000ha de produção.
Todo o país foi declarado estado de emergência fitossanitária e a Senasa está trabalhando com o Conselho Nacional de Banana e o Conselho Técnico Regional de Banana para implementar medidas de biossegurança em milhares de fazendas de banana.
Senasa disse que o plano de biossegurança buscará proteger a indústria de exportação de banana do Peru, que vale cerca de US $ 248 milhões por ano. Em 2020, o Peru exportou 211.162 toneladas de bananas – principalmente orgânicas – para mais de 20 mercados em todo o mundo.
A descoberta do TR4 no Peru ocorre menos de dois anos desde que o primeiro caso do fungo na América Latina foi relatado no norte da Colômbia em julho de 2019, colocando todo o continente em alerta.
Esta semana, Patricio Almeida, diretor executivo da autoridade fitossanitária do Equador, Agrocalidad, descartou a presença de TR4 em solo equatoriano.
“A Agência tomou todas as ações preventivas imediatamente para evitar que o fungo entre no território equatoriano, temos a melhor rede de laboratórios da região, com capacidade para processar 1.000 amostras por mês”, disse Almeida ao El Universo.
O Fusarium TR4 é uma séria ameaça à produção de banana, atacando as raízes das plantas e bloqueando seus sistemas vasculares, fazendo com que murchem e morram. Mas a fruta não apresenta risco de transmissão ou para a saúde humana.
Durante a visita do secretário de estado da agricultura Altair Silva, a ASBANCO lhe entregou uma reivindicação para que Santa Catarina, o quarto maior produtor de banana do Brasil, auxilie nas medidas fitossanitárias de contenção da praga, principalmente com a ainda existente tentativa de liberação de importação da fruta do Equador, país vizinho do Perú. O secretário prometeu interceder.
Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA, Brasil – Epidemiologia e manejo do mal-do-Panamá com ênfase em TR4
O mal-do-Panamá, causado pelo fungo de solo Fusarium oxysporum f. sp. cubense (Foc), tem sido historicamente uma das doenças mais destrutivas da bananeira, sendo considerada uma das dez doenças mais importantes da história da agricultura. O mal- do-Panamá é endêmico em todas as regiões bananicultoras do mundo. O uso de cultivares resistentes é a estratégia de controle mais eficiente, mas está sujeito à aparição de novas raças do patógeno. Em 1990 uma nova variante de Foc, que afeta seriamente as cultivares do subgrupo Cavendish foi identificada no Sul da Ásia. Denominada como raça 4 tropical (R4T), essa variante tem-se disseminado rapidamente na Ásia, causando grandes perdas na região, com notado impacto na Indonésia, nas Filipinas e na China. Estima-se que mais de 100.000 ha plantados com banana, já foram destruídos pela doença. A raça 4 tropical é mais agressiva que a raça 1 e estimativas apontam que mais de 80% das bananas e plátanos, produzidas atualmente no mundo, provenham de variedades suscetíveis a essa raça. No Brasil, onde a praga não foi ainda relatada, essa cifra pode atingir 90% da produção nacional. O surgimento do Foc R4T tornou o mal-do-Panamá a maior ameaça da bananicultura mundial. Apesar desta raça não ter sido ainda relatada nas Américas, existe o risco iminente de sua introdução. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, tem tido um papel ativo na geração de conhecimentos direcionados à prevenção da entrada do patógeno, ao manejo de um eventual foco da doença, e fundamentalmente na implementação de ações de melhoramento preventivo para o desenvolvimento de variedades resistentes. O controle químico da doença é inviável e alternativas de controle cultural e/ou biológico em conjunto com o controle genético devem ser trabalhadas visando minimizar os prejuízos causados pela doença. Neste sentido, a Embrapa e parceiros, desenvolvem trabalhos para manejo da doença utilizando práticas integradas, com base em epidemiologia, sistemas de pantio e estratégias de qualidade do solo. Outra linha de ação é o monitoramento constante das populações de Foc no Brasil. O surgimento de variantes do patógeno é preocupação constante e fator desafiador para o manejo da doença. Está linha de ação tem por finalidade conhecer e monitorar as populações de Foc nas regiões produtoras de banana do país, principalmente quanto à virulência e/ou agressividade, hospedeiro alternativo, entre outras características. Todas as informações, em conjunto, são utilizadas para mitigar os prejuízos causados pelo mal-do-Panamá da bananeira, raça 1, sendo utilizado de modelo para uma eventual introdução de TR4 no Brasil.